Não vai dar em nada, creio.
Mas chega a ser curiosa a discussão sobre o tal teto de gastos criado pela FIA.
Nesta semana veio à tona, de vez, aquilo que se comentava à boca pequena.
Que a Red Bull, em 2021, ultrapassou o limite de gastos de US$ 145 milhões.
Em comunicado, a entidade máxima do automobilismo mundial salientou que o time austríaco incorreu em uma "quebra mínima".
No popular, "mordeu e depois assoprou".
Também, por meio do comunicado, Williams e Aston Martin entraram na mira.
Ambas por "erros burocráticos e processuais".
Entendo, por isso, alguma informação tortuosa ou até erro de redação nas explicações sobre os gastos.
O caso da Red Bull, embora dê pinta de ser mais grave, com sansões que poderiam envolver perda de pontos dos pilotos e do time (no Mundial de Construtores), tem tudo para ser relevado.
Ao mencionar, "quebra mínima", a FIA já indica que seja algo contornável.
Para Toto Wolf, o poderoso da Mercedes, "estourar" o teto de gastos implica em resultados imediatos (da temporada em curso) e das duas seguintes.
Assim, ela (Mercedes) teria sido prejudicada em 2021, com o título conquistado por Verstappen, e a Ferrari agora, em 2022.
E, pela previsão de Toto Wolff, a Red Bull ainda levará alguma vantagem em 2023, independente do (s) adversário (s).
A Ferrari, depois do acordo intramuros que conseguiu com a FIA, que não puniu o time italiano por irregularidades na unidade de potência em 2019, ficou com telhado de vidro e não vai esmurrar a mesa de toalha quadriculada e derrubar o prato de ravióli no chão.
A Mercedes talvez fique dando uma indireta aqui e outra ali, mas no final das contas, já que as contas da rival não estouraram tanto assim, não deve protelar a discussão.
De qualquer forma, o que acho curioso, é a Fórmula 1 ter inventado essa do teto orçamentário.
Num segmento esportivo em que o capitalismo reina absoluto, querer nivelar todas as bilionárias equipes chega a ser engraçado.
Nem no futebol existe isso.
Os portugueses têm uma boa definição para o sucesso de uns e o fracasso dos outros, que resumem numa frase:
"Quem não tem competência que não se estabeleça".
A Fórmula 1 não é para amadores.
Nem para quem está no sufoco, preenchendo formulários atrás de um crédito consignado.
Um dia desses, um amigo dos tempos de infância me disse que achava um absurdo a desigualdade entre as equipes na Fórmula 1.
Justo ele, defensor da tal meritocracia, trabalhando em uma empresa multinacional...
Ironicamente sugeri a criação de uma Fórmula 1 socialista, com carros e motores iguais para todos e pilotos sem diferenças salariais.
Ele desconversou inicialmente e depois admitiu o erro de pensamento.
Eu até finalizei a breve discussão com a sugestão de uma nova prova no calendário, o GP de Cuba.
Aliás, até já aconteceu um em Havana, sem valer pelo Mundial, em 1957, com direito a um amistoso sequestro de Juan Manuel Fangio, que na ocasião disse concordar com as intenções dos revolucionários.
De certo, um GP em Cuba seria bem mais legal do que é o GP da Hungria.
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