O título pode induzir a erro.
Afinal, neste espaço que habitualmente utilizo para falar de automobilismo, o (a) leitor (a) imaginaria que o tema fosse o rali.
Porém, dificilmente eu conseguiria escrever algo de cunho pessoal melhor para falar deste assunto do que na crônica sobre o rali de regularidade do qual participei em Santa Catarina, guiando uma bela L200 Triton. Aquela aventura está aqui, em que uma bergamota foi o "fio da meada" para o texto.
Desta vez a inspiração foi uma corrida na areia que nada tem a ver com carros.
O ano, 1973.
Estávamos no primeiro apartamento que meu pai comprou na Praia Grande, litoral de São Paulo, mais precisamente no 31 do Edifício Araújo, na "Praça das Cabeças".
Meu pai, carinhoso, amoroso e sempre disposto a bons passeios, teve a ideia de irmos até Itanhaém.
Fomos com seu valente Fusca vermelho, carrinho que no ano seguinte acabou substituído pelo garboso Corcel LDO que meu pai buscou, zero km, na concessionária Lemar do Jabaquara. Era cor de vinho, embora o documento atestasse "vermelho jambo".
Naquela tarde de 1973, o bom Fusquinha cumpriu com galhardia o seu papel para nos fazer chegar à Praia dos Pescadores, em Itanhaém, lugar onde uma vez por semana o elenco da novela "Mulheres de Areia", da extinta TV Tupi, se reunia para gravações.
A trama da incomparável Ivani Ribeiro fazia um sucesso estrondoso.
Ivani Ribeiro acabou tendo um papel importante em minha vida, por outra novela que saiu de sua mente brilhante, "A Viagem", também da Tupi, responsável por eu ter conhecido o espiritismo, que me acompanha até hoje.
Eva Wilma brilhou em "Mulheres de Areia" fazendo as duas personagens centrais, as gêmeas Ruth e Raquel.
Se alguém dá nota 10 para Glória Pires pela mesma função no remake de "Mulheres de Areia" 20 anos depois, é porque não viu Eva Wilma 20 anos antes...
Ela deu tons, semitons, caras, bocas, olhares e entreolhares para Ruth e Raquel, a ponto de torná-las absolutamente diferentes, contracenando "ela com ela mesma" com os parcos recursos tecnológicos disponíveis.
O talento superou qualquer coisa.
Eu me apaixonei pelas duas: a angelical Ruth e endemoniada Raquel.
No fundo, por Eva Wilma.
Eu a vi uma única vez, exatamente naquela tarde de 1973, em Itanhaém, levado pela mão do meu pai.
Na areia, em meio a uma multidão, vendo as esculturas feitas pelo ator Serafim Gonzalez, que emprestava seu talento para a tarefa que na novela aparecia como obra de "Tonho da Lua", do genial Gianfrancesco Guarnieri, Eva Wilma estava em uma casinha branca ao longe, utilizada para que os artistas trocassem de roupas e fossem maquiados.
Ela acenou e mandou beijos.
Arrebatou de vez o meu coração infantil.
Seu par na novela era o ator Carlos Zara, com quem acabaria se casando alguns anos depois.
O personagem de Carlos Zara, coincidentemente chamava-se Marcos.
O invejei por muito tempo...
E a corrida na areia?
É o que Eva Wilma fez na abertura da novela, na verdade correndo na beira d´água, daquela praia de Itanhaém.
A cena é uma das mais lindas já feitas na teledramaturgia brasileira para uma abertura de novela.
Um acerto nos ângulos, na música escolhida (Last Love), no vestido que Eva Wilma usava.
Ah, e o seus cabelos loiros ao vento...
Seria a Ruth ou a Raquel?
Ambas do Marcos que não era eu.
As duas em uma só.
Em um determinado momento ela tropeça, quase cai.
No final, acaba caindo.
Não foi premeditado.
O diretor achou que ficou ótimo e manteve.
Melhor que qualquer GP de Fórmula 1 que eu tenha visto, Eva Wilma correndo na praia ainda é a mais bela corrida que eu asisti.
ABAIXO, ABERTURA DA NOVELA "MULHERES DE AREIA", DA TV TUPI (1973), COM EVA WILMA
ABAIXO, CENAS DE EVA WILMA INTERPRETANDO RAQUEL (A PARTIR DE 10´25) E RUTH (A PARTIR DE 20´) NA NOVELA "MULHERES DE AREIA".
ABAIXO, DIVERSAS IMAGENS DE EVA WILMA
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