Um poeta pode ser tão grande, mas tão grande, que às vezes é impossível ser apenas um...
Fernando Pessoa foi assim.
Nem é o meu favorito.
Prefiro a ternura e o lirismo machucado dos versos do gaúcho Mario Quintana.
Mas o português Fernando Pessoa foi imenso.
E, por tão imenso, criou vários personagens, os chamados heterônimos, para que se expressasse de maneiras distintas.
Ao longo da vida todos nós mudamos.
Temos fases, heterônimos...
Quando fiz minha primeira consulta com meu médico homeopata, em 1986, ele receitou meu "remédio de fundo", que é aquele que se encaixa com a personalidade do paciente.
Para a homeopatia, uma pessoa equilibrada tem menor possibilidade de adoecer.
O remédio de fundo tem esta função: reequilibrar o sujeito.
O meu remédio, então, foi o Sulphur, que tinha absolutamente tudo a ver com a minha personalidade naquele momento, e foi assim por muitos anos.
Constatei isso através de um livro que trazia todas as características sobre os medicamentos homeopáticos.
É mais ou menos como você ler sobre seu signo, seu ascendente e todos os planetas no dia do seu nascimento.
Meu médico, o querido Jorge Carlovich, me disse que o arquétipo de Sulphur é Dom Quixote.
Me senti absolutamente "em casa", pois sempre fui um sonhador inveterado, um sujeito muito mais emoção do que razão.
Canceriano ao extremo.
Um tolo apaixonado que por tantas vezes enxergou dragões no lugar de moinhos de vento.
Anjos ao invés de demônios.
Em minha última consulta, há dois anos, o Jorge mudou meu remédio de fundo.
Segundo ele, eu havia mudado.
Ainda que eu guarde muitas características daquele jovem de 20 anos, Sulphur já não mais ornava comigo.
Não deixei de ser Quixote, mas estou mais atento.
Na opinião de um astrólogo védico com quem consultei há nove anos, desenvolvi um poder de estratégia surpreendente.
Também me transformei em um bom detetive.
Quase um Wicca...
Intuição à flor da pele.
Passei a enxergar a mata verdejante da Serra mesmo quando a neblina se fez presente...
Adoro metáforas e entrelinhas.
Sempre usei delas em minha vida, tanto para me defender como para atacar.
Palavras são poderosas.
Desnudam rostos de máscaras.
Guardadas as devidas proporções, ainda que em tenra idade, 22 anos, Max Verstappen parece ter mudado bastante desde que estreou na Fórmula 1.
Quando desembarcou na Toro Rosso, em 2015, com imberbes 17 anos, Max estava para Álvaro de Campos, o heterônimo mais revoltado e crítico de Fernando Pessoa.
Atirava para todos os lados, guiando e falando.
Falou bobagens homéricas, aliás.
Porém, tão talentoso quanto o escritor português, sobrepujou os deslizes e em pouco tempo subiu de escalão.
Foi guindado à matriz Red Bull e, na estreia, ganhou seu primeiro GP.
Ainda continuou fazendo algumas presepadas, principalmente nos começos das corridas, jogando por terra aquela máxima do automobilismo de que não se vence um GP na primeira volta.
Também continuou vociferando contra nomes já estabelecidos da F1.
Porém, em 2019, sossegou o facho.
Eu diria que do intrépido Álvaro de Campos, Max mudou para o disciplinado Ricardo Reis, outro heterônimo de Fernando Pessoa.
Talvez assim ele consiga a paz necessária para levantar seu primeiro título na Fórmula 1.
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