Lino Tavares
Os simpatizantes do futebol e a mídia, de um modo geral, costumam idolatrar o treinador do time que está ganhando e execrar o técnico da equipe que vai mal na disputa.
Concluí ao longo das quatro décadas em que atuo a crônica esportiva que nem uma coisa, nem outra corresponde à verdade dos fatos. É claro que um técnico de futebol tem importância no nível de sucesso de um time, mas não na proporção do que a maioria imagina ter.
Eu diria que esse nível de importância anda ao redor de vinte e poucos por cento do padrão de jogo alcançado pela equipe de que é comandante técnico. Os outros 70 e poucos por cento dependem da qualidade do plantel que ele tem na mão..
Quando o Brasil foi campeão do mundo pela primeira vez, em 1958 na Suécia, todo mundo sabia que aquela máquina integrada por Pelé, Garrincha e companhia era praticamente imbatível, fosse quem fosse que a comandasse tecnicamente.
Isso fez com que o técnico daquela seleção campeã, Vicente Feola, ficasse praticamente no anonimato, não sendo-lhe atribuídos os louros daquela conquista. Ocorre que Vicente Feola tinha uma história opaca como treinador, no país, onde havia conquistado duas vezes o campeonato paulista pelo São Paulo, sendo depois convocado para treinar uma seleção de astros que ofuscaram o seu limitado brilho.
O mesmo pode ser dito em relação a Aymoré Moreira, técnico da seleção bicampeã do mundo, na Copa de 1962 no Chile, e a Zagallo, treinador do Time Canarinho tricampeão mundial, na Copa de 1970 no México. Nenhum dos dois tinha laurel de grande vencedor, treinando equipes de clubes brasileiros.
Com base nesse raciocínio, vale dizer que equipes como Corinthians, Santos, Grêmio e Fluminense, que vivem a trocar de técnico, achando que podem solucionar sua pobreza futebolística apenas com isso, estão redondamente enganadas.
A história tem demonstrado que essas mudanças não passam de uma troca de seis por meia dúzia. Sem qualificar suas equipes nos setores mais deficentes, os dirigentes desses clubes podem contratar os melhores treinadores do mundo, que continuarão olhando para a parte debaixo da tabela, temerosos de entrarem nela, convivendo com o risco de queda para a segunda divisão.
O Grêmio, por exemplo, trocou Renato Portaluppi por Gustavo Quinteros, substituindo-o dias atrás por Mano Menezes.Esqueceu contudo de qualificar seu sistema defensivo que é, na atualidade, um dos piores do Brasil.O meio de campo é apenas razoável, embora tenha Villasanti que é bom jogador, mas virou uma espécie de andorinha só, tentando fazer verão.
Por conta de tais deficiências setoriais, o ataque gremista, que é apenas mediano, raramente consegue penetrar na área adversária com chance de gol e, quando chega e marca um ou dois gols, a fragilidade defensiva coloca tudo a perder, cedendo o empate ou a derrota de virada..
Essa ilusão de que os maus resultados é culpa do treinador torna-se responsável pelo fato de termos momentaneamente três clubes que já foram campeões da Libertadores, dois deles, Santos e Grêmio, entre os maiores vencedores brasileiros da competição, com três conquistas, mergulhados na Zona de rebaixamento, tentando desesperadamente sair de lá.
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Jornalista Lino Tavares, colaborador do Portal Terceiro Tempo, ganha o título de “Pitonisa Verdadeira”
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