Fábio Koff foi uma das principais lideranças e presidiu o Clube dos 13, embrião de uma liga de clubes brasileiros

Fábio Koff foi uma das principais lideranças e presidiu o Clube dos 13, embrião de uma liga de clubes brasileiros

A crise na CBF que culminou no afastamento do presidente Rogério Caboclo abriu caminho para um movimento importante no futebol brasileiro: Dezenove dos 20 clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro apresentaram à CBF na última terça-feira (15) a intenção de criar uma liga independente para organizar a principal competição nacional— a exceção foi o Sport, porque está sem presidente para representá-lo.

Engajados em mudar o cenário, os clubes veem a oportunidade de finalmente tirar do papel a liga nos moldes do que acontece no futebol europeu. O filme, porém, é repetido, já que o Brasil viu movimentos parecidos em duas oportunidades no passado.

Em 1987, antes mesmo da criação da Premier League, na Inglaterra, grande referência de liga bem sucedida, o Brasil viu um movimento que poderia ter sido um grande avanço no futebol nacional. Assim como acontece hoje, em 87 a CBF se viu fragilizado. Naquela oportunidade, a entidade vivia uma crise financeira e política com o presidente, Octávio Pinto Guimarães, e o vice, Nabi Abi Chedid, em conflito.

Com a CBF sem dinheiro e sem rumo, os principais clubes brasileiros organizaram uma mudança de cenário. Após anos de campeonato inchado, especialmente por incentivos do governo militar, os times esperavam ter o Brasileirão mais enxuto, com regulamento e calendário mais organizados. Nasceu então o Clube dos 13, uma espécie de liga que organizou a Copa União em 1987 – a competição rende polêmica até hoje, já que o Flamengo, que ganhou o Módulo Verde, com as equipes filiadas ao Clube dos 13, se diz campeão, enquanto o Sport, que levou o Amarelo, também reivindica o título — pelo regulamento, os vencedores se enfrentariam para definir o campeão, mas os cariocas não aceitaram jogar.

O Clube dos 13 voltou a organizar o Brasileirão em 2000, chamada de Copa João Havelange. Naquele momento, a CBF vivia um imbróglio com o Gama, que não aceitava o rebaixamento no Brasileiro do ano anterior, e repassou a organização da competição à liga de clubes. Em outros períodos, o Clube dos 13 tinha como principal função a negociação dos direitos de transmissão de televisão em nome das equipes. Em 2010, após ação da CBF e de alguns presidentes de times, o Clube dos 10 foi implodido e deixou de existir.

Em 2015, a CBF se viu em nova crise após denúncias de casos de corrupção que levaram o ex-presidente da confederação José Maria Marin à prisão. Surgiu, então, um novo projeto de liga de clubes brasileiros.

A chamada Primeira Liga tinha clubes de Rio de Janeiro, Minas Gerais e da região sul, que organizou duas edições, em 2016 e 2017. A competição, porém, não recebeu o aval da CBF, encontrou problemas de datas e acabou perdendo força ainda em seu início. Irrelevante logo na sua segunda edição, a Primeira Liga acabou extinta logo em seguida.

O QUE QUEREM OS CLUBES EM 2021?

O vácuo de poder na CBF com o afastamento de Rogério Caboclo, acusado de assédio por uma funcionária da entidade, abriu espaço para que os clubes tentem ganhar maior protagonismo na estrutura do futebol brasileiro.

Existem alguns pontos principais pretendidos pelas agremiações: primeiro é participar com maior ênfase no processo sucessório da CBF; a organização de um calendário melhor organizado, que não prejudique os clubes nas datas Fifa e que permita período de amistosos; maior transparência no uso do VAR; articulação política em Brasília para aprovar uma lei que dê ao mandante dos jogos o direito de transmissão para a TV.

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