O Magrão, brilhante dentro e fora dos gramados. Foto: Revista Placar

O Magrão, brilhante dentro e fora dos gramados. Foto: Revista Placar

Sócrates Brasileiro Sampaio de souza Vieira de Oliveira, um dos mais brilhantes jogadores do futebol mundial,  nos deixava há exatamente 13 anos. 

O Doutor, como foi carinhosamente chamado durante sua trajetória nos gramados, pois formou-se em Medicina pela USP de Ribeirão Preto, morreu às 04h30 do dia 4 de dezembro de 2011, aos 57 anos, em decorrência de um choque séptico (infecção generalizada) após um período de internação devido a uma hemorragia gástrica alta.

Ele estava internado no Hospital Albert Einstein, na zona sul da capital paulista.

Coincidentemente, naquele mesmo dia, o Corinthians garantia seu quinto título brasileio, ao empatar em 0 a 0 com o Palmeiras em partida disputada no Pacaembu. O Alvinegro terminou a competição com 71 pontos, dois a mais que o Vasco, o vice-campeão. 

O paraense Sócrates começou sua carreira pelo Botafogo de Ribeirão Preto, onde atuou entre 1974 e 1978, sendo contratado em seguida pelo Corinthians, em uma estratégia de bastidores que teve Vicente Matheus como seu idealizador.

Estádio Santa Cruz lotado para prestigiar o Botafogo de Ribeirão Preto na década de 70. Em pé, da esquerda para a direita: Wilson Campos, Ney Roz, Lorico, Paulão, Aguillera e Manoel. Agachados: Zé Mário, Sócrates, Arlindo Fazolin, Osmarzinho e Zito. Foto enviada por Renata Roz de Souza, filha de Ney Roz

Na ocasião, o São Paulo tinha interessse em trazer Sócrates, mas Matheus foi esperto. Reuniu-se com a diretoria são-paulina simulando interesse no médio-volante Chicão, distraindo a cúpula do Tricolor enquanto Isidoro Matheus, seu irmão, viajava a Ribeirão Preto para contratar o "Magrão". 

Pelo Corinthians, Sócrates "decolou". Conquistou três títulos paulistas (em 1979, contra a Ponte Preta) e dois consecutivos, ambos diante do São Paulo (1982 e 1983). 

Formou parcerias memoráveis no Alvinegro, primeiro com Palhinha e depois com Casagrande. Atuou em 298 partidas pelo Corinthians e marcou 172 gols, sendo o nono maior artilheiro da história do Alvinegro, segundo dados do "Almanaque do Timão", de Celso Unzelte.

Dia de sua apresentação no Corinthians, no Parque São Jorge. À frente, Isidoro Matheus, Orlando Monteiro Alves, Sócrates e Vicente Matheus. Foi Isidoro quem viajou a Ribeirão para contratar o Doutor. Matheus, em São Paulo, simulava interesse por Chicão, do São Paulo, distraindo os dirigentes tricolores que estavam ávidos pela contratação de Sócrates. Uma tacada de mestre de Matheus. Foto: Revista Placar

ENGAJADO NA POLÍTICA

Pelo clube de Parque São Jorge foi um dos idealizadores da "Democracia Corintiana", que contou com respaldo da diretoria do então presidente Waldemar Pires e do diretor de futebol Adilson Monteiro Alves. Politicamente engajado, participou de inúmeras manifestações na campanha das "Diretas Já" pela volta da democracia e das eleições diretas ao País durante o sombrio período da ditadura militar. 

Declarou, durante o grande comício pelas "Diretas Já," no Vale do Anhangabaú, que não deixaria o Brasil se a emenda Dante de Oliveira (pelas eleições diretas) fosse aprovada, em 1984.

Enquanto Osmar Santos fala ao microfone, atrás, da esquerda para a direita, aparecem Sócrates, Fernando Henrique Cardoso, Casagrande e Adilson Monteiro Alves no palanque do comício pelas "Drietas Já" no Vale do Anhangabaú, em 1984, em São Paulo.. Foto: Reprodução

Alto, com 1,92m, Sócrates tinha pés pequenos (calçava 41) para sua estatura, e compensava a desproporcionalidade utilizando o calcanhar. Sócrates dizia que era uma questão prática, pois era complicado virar o corpo com pés pequenos.

Parcerias marcantes, primeiro com Palhinha (à esquerda) e, depois, com Casagrande. Fotos: Revista Placar

 

SELEÇÃO BRASILEIRA

Foi um dos destaques da seleção brasileira na Copa de 1982 (era o capitão do time) na Espanha e também disputou o Mundial de 1986, no México, quando não estava em sua melhor forma física, sofrendo com uma hérnia de disco.Aliás, falando em seleção brasileira, Sócrates estreou na goleada por 6 a 0 contra o Paraguai, no Maracanã, amistoso realizado em 17 de maio de 1979. O primeiro gol com a camisa canarinho aconteceu no jogo seguinte, também um amistoso, contra o Uruguai.

No terceiro jogo, um gol de placa, mais um amistoso, desta vez contra o Ajax (goleada brasileira por 5 a 0), no Morumbi. Sócrates ainda fez o segundo gol. O placar foi complementado por Toninho e Zico (dois).

ABAIXO, VÍDEO COM A GOLEADA DO BRASIL SOBRE O AJAX (HOLANDA) POR 5 A 0, AMISTOSO DISPUTADO NO MORUMBI NA NOITE DE 21 DE JUNHO DE 1979. SÓCRATES MARCOU DOIS GOLS, O PRIMEIRO DELES, UM GOLAÇO. A NARRAÇÃO É DE ALEXANDRE SANTOS (TV BANDEIRANTES).

Que privilégio da bola, prestes a se encontrar com Maradona ou Sócrates em 2 de julho de 1982, dia de Brasil 3 x 1 Argentina na Copa da Espanha, no Estádio Sarriá. Foto: Divulgação

 

FIORENTINA

Teve uma curta passagem pela Fiorentina (1984-1985), clube italiano que fez bela homenagem quando Sócrates morreu. No time Viola, Sócrates atuou em 25 jogos e marcou seis gols, incluindo um por cobertura. Sem os amigos que tanto prezava, uma vez que sempre foi muito sociável, Sócrates ficou muito infeliz em Florença, o que abreviou sua passagem pelo clube italiano.

Pela Fiorentina, em 1984. Foto: Divulgação

 

Um minuto de silêncio em homenagem a Sócrates antes de jogo da Fiorentina em 4 de dezembro de 2011. Foto: Reprodução 

ABAIXO, JOGADAS E GOLS DE SÓCRATES PELA FIORENTINA, ENTRE 1984 E 1985

RETORNO AO BRASIL

Sócrates chegou a ser anunciado pela Ponte Preta após deixar a Fiorentina (foi até capa da Revista Placar com a camisa do time campineiro), em uma tentativa do grupo liderado por Luciano do Valle, mas acabou acertando mesmo com o Flamengo, onde atuou ao lado de Zico, entre 1985 e 1987. Em seguida, deixou os gramados.

Sócrates esteve próximo de acertar seu retorno ao Brasil pela Ponte Preta, mas fechou mesmo com o Flamengo, onde atuou entre 1985 e 1987. Fotos: Revista Placar

SANTOS E BOTAFOGO DE RIBEIRÃO PRETO

Negociou sua volta aos futebol com Vicente Matheus, para mais uma vez defender o Corinthians, mas o presidente alvinegro, desta vez, não se esforçou para contar com o camisa 8 em seu elenco.

Acabou acertando um contrato para defender seu clube de infância, o Santos, onde jogou entre 1988 e 1989, mesmo ano em que encerrou definitivamente sua carreira, exatamente no clube pelo qual começou, o Botafogo de Ribeirão Preto.

Sócrates, pelo Santos, na tarde de 04 de junho de 1989, tentando desvencilhar-se de Wilson Mano, do Corinthians, durante partida pelo campeonato paulista que terminou 0 a 0, no Morumbi. Foto: Reprodução 

FAMÍLIA

Sócrates foi casado por quatro vezes e teve seis filhos: Gustavo, Rodrigo, Eduardo, Marcelo, Sócrates Júnior e Fidel Castro. Sua última união foi com a jornalista Kátia Bagnarelli Vieira de Oliveira. Ela esteve ao seu lado até o momento de sua morte.

Em 05 de setembro de 2011, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, ao lado de sua última companheira, Kátia Bagnarelli. Foto: Divulgação

 

Torcida corintiana presta homenagem a Sócrates no dia de sua morte, no Pacaembu, em 04 de dezembro de 2011, antes do jogo que definiu o Campeonato Brasileiro daquele ano para o Corinthians, no empate em 0 a 0 com o Palmeiras. Os torcedores e os jogadores do Corinthians (no centro do gramado) levantaram o braço direito, marca registrada de Sócrates nas comemorações de seus gols. Foto: Marcos Júnior Micheletti/Portal Terceio Tempo

 

"Lembrança do Sócrates". O autógrafo do Doutor em 1982. Arquivo pessoal de Marcos Júnior Micheletti

 

 ABAIXO, VÍDEO COM DIVERSAS JOGADAS E GOLS DE SÓCRATES

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