Aqui está um artigo... desagradável.
Destruição em Paris durante o que ainda chamam de "celebrações" dos holligans parisienses, também chamados de "torcedores"...
Há um gosto amargo que permanece após o apito final.
Querem que acreditemos no mundo que existe um novo rei, um novo modelo, um novo padrão.
Mas a verdade está nos números, não em contos de fadas.
Este título não é sobre futebol, não é sobre milagres, não é sobre o agora chamado "melhor time do mundo".
Este artigo é sobre o outro lado da moeda deste time chamado PSG, campeão da Liga dos Campeões.
Um artigo sobre dinheiro, imagem e o poder de controlar uma narrativa.
O triunfo do PSG é a propaganda mais escandalosa, chamativa e cara já vista para lavagem esportiva.
Os números não são apenas impressionantes, são avassaladores.
Só nesta temporada, o PSG gastou 240 milhões de euros!
Nos últimos três anos, eles tiveram o segundo maior gasto com transferências e o quarto maior gasto líquido do planeta.
A folha salarial dos jogadores nesta temporada não é apenas a mais alta do futebol, é um pico na tabela, uma anomalia que assusta até os clubes mais ricos do mundo.
Os últimos balanços publicados indicam 659 milhões de euros em gastos com novas contratações de jogadores em 2023/2024.
Para saber e comparar... O Manchester City, segundo na lista, gasta 480 milhões de euros.
O Real Madrid 469 milhões. O Liverpool 449 milhões. O Barcelona 430 milhões.
A diferença é histórica. A diferença é toda a história que estou contando.
Não é apenas uma loucura econômica recente. Desde que os catarianos assumiram o clube em 2011, os gastos anuais do PSG sempre foram muito maiores do que os do resto da França.
Na Ligue 1, o PSG gasta 5 euros com jogadores e salários, em comparação com 1 euro gasto pelo segundo melhor time da França... o Lyon.
Na Europa, poucos clubes sequer sonham em estar na mesma liga.
Os outros ficam observando, de longe.
O PSG gastou 214 milhões de euros na temporada 2023/2024/2025 na contratação de novos jogadores. Koulo-Mouane... entre eles, por 85 milhões de euros, só ele.
A Inter, adversária na final, que nem sequer era campeã da Itália, felizmente chegou à final.
Portanto, seus gastos com transferências nos últimos três anos são menos de um terço dos do PSG.
49 milhões em novos jogadores, em três temporadas.
A diferença de médias é tão enorme que o placar final de 5 a 0 engana: se o futebol fosse medido pelo dinheiro gasto, o resultado teria sido 12 a 0, ou 15 a 0. E não cinco a zero...
A Inter chegou à final da Liga dos Campeões em segundo lugar na Série A, não como uma potência dominante, não como a melhor da Europa.
Mas sim como a última do grupo mais fraco entre os times fortes nas quartas de final e semifinais da Liga dos Campeões.
Mas não é só uma questão de dinheiro.
Também foi sorte.
Arsenal, Real Madrid, Bayern de Munique... clubes com história, força e pedigree europeu, caíram antes que o PSG os enfrentasse.
As estrelas, como dizem... sim, elas realmente estão alinhadas a favor dos franceses.
O PSG evitou os gigantes.
Os verdadeiros testes, os clubes que sabem vencer quando é preciso... o PSG não teve muitos deles.
Eles sabiam vencer, sim, quando precisavam vencer. E é por isso que são campeões.
Mas vamos nos acalmar.
Vamos respirar.
Não vamos exagerar!
Em vez disso, o PSG encontrou a Inter: um clube decente, mas em crise.
E uma forte crise interna.
Isso criou uma Liga dos Campeões dos sonhos, com a qual nenhum torcedor nerazzurri sonharia.
Mas internamente, as coisas estavam piorando cada vez mais. Com um treinador que já sabia que sairia por um salário exorbitante na Arábia Saudita... que o fez poucos dias depois da final contra o PSG...
E com jogadores em crise, por jogarem em posições que não queriam, porque perderam o Scudetto que parecia certo... mas, acima de tudo, porque muitos dentro do clube achavam impossível ganhar os dois títulos. Pensar demais na Liga dos Campeões significava que o clube não tinha energia e foco na Série A.
Fazer de tudo para não perder o primeiro lugar na Série A... fez com que os jogadores nerazzurri lutassem mental e fisicamente pela Liga dos Campeões...
E no final, eles perderam tudo.
A Inter que perdeu para o PSG era um time forte e interessante. Mas não uma superpotência europeia nesta temporada.
A narrativa errada se escreve sozinha.
O PSG, finalmente livre da maldição, finalmente está ótimo agora.
Mas a realidade é que o empate lhes fez favores que nem o dinheiro sozinho poderia comprar.
Mas vamos parar por um momento. Para falar de outra coisa.
Como agora o PSG é motivo de piada, amado, só se fala bem dele... todo mundo escreve o quão "fenomenal" ele é.
Mas... desculpe... não faz muito tempo... não era assim!
Por anos, o PSG foi o "vilão".
Desde que o Catar comprou o clube em 2011, o clube parisiense se tornou o rosto do "novo dinheiro" do futebol, o projeto máximo do que se chama de "sportswashing".
Na França, ele era odiado. Uma força destrutiva, que realmente destruiu toda a competição da Ligue 1, transformando o campeonato em uma corrida de um cavalo só.
11 títulos em 13 anos. Um CSA nunca visto em nenhum lugar, em nenhum país do mundo!
Na Europa, ele era o "quase": sempre errando o chute, sempre algo que não dava certo. Mesmo os neutros não o suportavam. Ele era aquele time sem estrutura ou histórico para estar entre os melhores, e com dinheiro, tentando fazer parte do clube VIP da Europa.
A chegada de Neymar do Barça gerou ressentimento. Mbappé sempre pronto para fugir e até hoje com problemas legais com o clube. Messi com a camisa do PSG parecia deslocado. As pessoas que o assobiavam eram um pecado futebolístico abominável e intolerável.
Nem mesmo Zlatan Ibrahimovic, com todo o seu estilo, conseguiu fazer com que a si mesmo ou aos outros amassem o PSG.
Ninguém se esquece de que Ronaldinho Gaúcho, mesmo antes da chegada do Catar e do dinheiro público, fugiu de Paris muito cedo.
Agora, de repente, o clima mudou?
Com energias jovens e milionárias como Douée, talento técnico e uma nova e poderosa história, o PSG se tornou o "queridinho" do futebol mundial.
O mito se constrói sem parar...
As pessoas querem acreditar na transformação, na redenção, no poder do esporte de mudar corações.
A emocionante história de Luis Enrique, que perdeu a filha, ajuda muito neste momento.
A imagem de um time reconstruído após a despedida de Neymar, Mbappé e Messi, os maiores do mundo.
A ascensão de jovens talentos como Désiré Doué.
A história contada hoje é realmente quase irresistível.
A mídia retrata o PSG como um grupo de heróis locais, um clube que deu as costas aos craques e ao dinheiro e encontrou a salvação no trabalho duro e na união. Como a era de ouro do Barça, de 2008 a 2012, ou os milagres do Ajax nos anos 90... feitos com muito pouco dinheiro.
Não.
O PSG de hoje não é nada disso.
O PSG, entre os 11 jogadores que disputou a final da Liga dos Campeões, não teve um único jogador nascido ou criado nas categorias de base ou no sistema de base do clube.
O time escalado por Luis Enrique tem um valor de 480 milhões de euros, com uma média de 40 milhões de euros por jogador.
A Inter, por outro lado, chega a um máximo de 285 milhões, com o time, naquele dia, em Munique.
É tudo fantasia.
A realidade são os 240 milhões gastos com novos jogadores em uma única temporada.
A realidade é a da maior tabela salarial da história do futebol.
A realidade é um time construído com transferências e compras, não com as categorias de base e as categorias de base.
A realidade é um clube que compra os melhores jovens talentos, não um que os forma.
Esse time e seu coletivo são sustentados por uma base de gastos que nenhum outro clube consegue igualar.
A folha salarial do PSG sozinha foi suficiente para financiar dois ou três dos principais clubes desta Liga dos Campeões.
Números não são nota de rodapé.
Os números são o verdadeiro enredo desta história.
Historicamente, o futebol sempre teve seus gigantes.
As cinco Copas Europeias consecutivas do Real Madrid na década de 1950, o domínio do Milan no final da década de 1980 e início da década de 1990, a tríplice coroa do United em 1999, o tiki-taka do Barça uma década depois.
Mas mesmo esses reinos se baseavam em mais do que dinheiro.
Os times do Real Madrid da época misturavam talentos espanhóis com algumas estrelas estrangeiras, em uma era sem direitos de TV e patrocinadores globais. O Milan gastava muito, mas a Série A estava cheia de clubes ricos e qualquer um podia ganhar.
Os diabos vermelhos do United de 1999 vieram das categorias de base, da classe de 1992.
A era de ouro do Barça foi La Masia, não os tesouros do Catar ou dos Emirados.
O que está acontecendo agora é diferente.
O abismo financeiro não é apenas grande: é intransponível.
Preste atenção: em 2023, os salários do PSG foram de 659 milhões de euros.
Mais do que todo o faturamento de muitas equipes na fase de grupos da Liga dos Campeões.
No mesmo ano, o Dortmund gastou pouco mais de 200 milhões.
O Napoli, campeão da Itália, menos de 150 milhões.
Até o Bayern, o clube alemão com mais história, gastou menos de 350 milhões.
Um verdadeiro abismo... que não tem a ver com ambição.
Tem a ver com recursos, sim.
Tem a ver com um sistema que recompensa os maiores bolsos, não as melhores ideias ou talentos.
O impacto desse dinheiro, no processo de lavagem esportiva, na cultura do futebol é profundo.
A Ligue 1 virou uma passarela.
Desde 2012, o PSG conquistou o título nove vezes em doze. As únicas interrupções foram o Monaco em 2017 e o Lille em 2021.
E eis que... Os melhores jogadores do Lille e do Monaco... foram comprados por clubes mais ricos, a maioria deles pelo próprio PSG.
Na Europa, a história é a mesma.
Os mesmos times sempre chegam às últimas rodadas. O sonho de um Porto, um Steaua, um Estrela Vermelha, até mesmo um Ajax: essas histórias estão mortas. O dinheiro matou o romance.
A dor do passado, os corações partidos, as humilhações transformam o presente em algo mais doce, mas eles não construíram este império.
O motor é o dinheiro, e mais dinheiro do que qualquer outra coisa.
O domínio do PSG não é um milagre.
É um cálculo.
Eles colocam as probabilidades a seu favor o suficiente, e no final o adversário desmorona sob o peso da folha salarial que o time mais rico tem.
Foi o que aconteceu este ano com o PSG, mais do que nunca.
Luis Enrique, por outro lado, merece muito crédito: construiu uma equipe coesa e equilibrada, capaz de dominar como um bloco.
Ele trouxe disciplina tática, profundidade emocional e senso de propósito. A equipe joga com alegria, velocidade e talento técnico.
Mas as estruturas fundamentais da equipe são os salários, as transferências do mercado, os recursos que só o PSG tem.
O mito da base, o mito do azarão, o mito do conto de fadas são histórias vendidas ao público, e não a verdade absoluta do campo.
Alguns editorialistas e críticos se apressam em apontar que o PSG continua sendo o símbolo do dinheiro estrangeiro no futebol.
A vitória não apaga as controvérsias do passado. Não elimina a falta de tradição europeia enraizada nos clubes franceses.
Não apaga a dependência de investimentos do Catar.
O debate sobre o que o PSG realmente representa no futebol de hoje, na minha opinião... nunca acabará.
Não é algo novo. O futebol sempre teve seus gigantes: Real Madrid, United, Bayern, mas nunca antes a diferença foi tão grande, tão óbvia. E tão artificial.
Em 1993, quando o Marselha conquistou a Liga dos Campeões, seus salários não eram muito maiores do que os do Mônaco ou do PSG hoje.
Agora o futebol mudou. Agora o dinheiro mudou. Agora a história mudou.
Os números contam a história real.
O PSG não é apenas o símbolo da ambição do Catar, mas demonstra o que um clube pode fazer para se transformar graças à resiliência, visão e busca incansável pela excelência, sempre impulsionado por recursos econômicos insuperáveis.
Jornada de "vilão" a grande vencedor mudou o PSG para sempre.
Mas no cerne desta história, no centro de tudo, há uma vitória do sportswashing.
E do dinheiro, sobre as velhas regras do jogo.
Este título não faz do PSG o melhor time do mundo.
Transforma-o no time mais financiado, no melhor em lidar com narrativas, no melhor em vencer quando as estrelas da sorte se alinham e quando o caminho é menos cheio de "obstáculos".
Transforma-o no produto mais bem-sucedido de um sistema construído para mostrar poder, não apenas para mostrar o jogo de futebol.
Pode-se falar do talento de Doué, da transformação de Dembélé, do incrível Vitinha que nunca erra um passe, ou de Barcola, João Neves, e nunca se pode esquecer de Donnarumma, muito criticado anos atrás, banco de Keylor Navas... e hoje, um verdadeiro herói.
Pode-se falar da técnica e da força de Kvaratskhelia.
... da força física de Kvaratskhelia.
E a garra de Hakimi, a experiência de Marquinhos.
E o gênio humilde de Luis Enrique: um treinador autêntico, moderno, nascido para vencer.
Mas a história deste PSG não para por aí.
A história é a de um time de sorte. Caro. Caríssimo. Sem jogadores jovens na base. E que se transformou em um instrumento de outro país.
Isso é o que resta, realmente, desta Liga dos Campeões, foi isso que eu contei a vocês.
Essa é a história que precisa ser contada.