Projeto de nova arena divide opiniões, mas preserva o clima de alçapão do Santos. Foto: Divulgação

Projeto de nova arena divide opiniões, mas preserva o clima de alçapão do Santos. Foto: Divulgação

Mais uma vez o Santos briga contra um vexatório rebaixamento, assim como o Vasco, seu adversário deste domingo no Morumbi, mas o jogo já vendeu cerca de 50 mil ingressos e deverá ter um dos maiores públicos do campeonato. Enquanto isso, a prefeitura de Santos, o clube e a construtora WTorre acertam os detalhes para a construção, na Vila Belmiro, de uma arena moderna com capacidade para 30 mil pessoas. Será que alguma coisa não está batendo?

Com capacidade para apenas 30 mil pessoas, a nova Vila Belmiro será menor do que os estádios dos outros clubes grandes do Estado, já que o Morumbis comporta 66.799 pessoas; a Neo Química Arena, 49.205 e o Alianz Parque, 43.713. Até o estádio Benedito Teixeira, o Teixeirão, de José do Rio Preto, passa dos 30 mil.

O torcedor de futebol típico é competitivo e não gosta de ver seu time inferiorizado em nenhum quesito. Porém, sempre há os mais racionais, provavelmente mais inteligentes do que o limitado articulista que vos escreve. E para estes o tamanho do estádio não é um determinante tão importante.

Lembram-me que o popularíssimo Atlético Mineiro, que manda seus jogos no imenso Mineirão, capaz de receber 61.927 torcedores, em 2013 preferiu jogar suas partidas pela Copa Libertadores de 1013 na Arena Independência, do América Mineiro, com capacidade ampliada de 23 para 25 mil pessoas. Lá a pressão da torcida do Galo se tornava mais forte, o que revelou-se decisivo para empurrar o time por vitórias dramáticas até o título inédito.

Com 30 mil lugares a nova e bela Vila Belmiro poderá sediar as finais de qualquer competição, mesmo a Libertadores; receberá ainda grandes espetáculos artísticos e, talvez o mais importante, o time não perderá a acústica infernal que faz do Urbano Caldeira um verdadeiro alçapão e garante ao Alvinegro Praiano uma das melhores médias de vitórias em casa.

Está provado que um novo estádio aumenta em pelo menos 30% a frequência da torcida aos jogos. Creio que na Vila essa porcentagem será ainda maior, pois muitos paulistanos que hoje não vão mais torcer pelo time, terão um motivo a mais para voltar a descer a serra.

Só se espera que a prefeitura de Santos cumpra o prometido durante a assinatura do contrato e revitalize o entorno do estádio e o esquecido bairro de Vila Belmiro. Que não se repita o que ocorreu com o Museu Pelé, que só foi erguido na região central porque o prefeito da época prometeu que ali seria construído um novo Puerto Madero, a moderna e charmosa região portuária de Buenos Aires, o que jamais foi cumprido.

Durante o período das obras, previsto para cerca de quatro anos, o Santos mandará seus jogos na Mercado Livre Arena Pacaembu e em outros estádios paulistas, o que será a garantia de públicos enormes, como o deste domingo dramático contra o Vasco, no Morumbis.

Odir Cunha - Escritor com mais de 30 livros publicados. Jornalista profissional desde fevereiro de 1977

 

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