Carlo Ancelotti assumiu o comando da Seleção Brasileira em junho deste ano. Foram até agora seis jogos, com três vitórias, duas derrotas e um empate.
55,5% é o seu nível aproveitamento.
Se este aproveitamento fosse de um técnico brasileiro, como a imprensa, público em geral, todos nós, enfim, estaríamos encarando o trabalho?
Com muitas críticas, afirmo, sem medo de errar.
Carlo Ancelotti, aqui chamado de Carlito pelos pachecos de plantão, é olhado com admiração. Suas entrevistas coletivas são elogiadas, principalmente pelo esforço que faz para falar português.
E quando não consegue encontrar a palavra em língua portuguesa exata para a perguntas que lhe é feita, sempre tem a ajuda imediata do diretor de futebol da CBF Rodrigo Caetano, pronto para lhe socorrer.
Socorrer e também para evitar que Carlito escorregue em alguma casca de banana colocada por algum repórter mais perspiscaz.
A missão de Rodrigo Caetano é evitar que Carlito caia em alguma armadilha do idioma.
A insistência dele em convocar o atacante Richarlison, mal na seleção e no seu clube, o Tottenham Hotspur, é vista com benevolência.
Há um temor claro e evidente de fazer críticas contundentes ao trabalho do treinador.
Que goza de privilégios por aqui.
O salário é o maior pago por uma seleção no planeta bola, em torno de R$ 5 milhões mensais.
Mais estadias no que há de melhor na hotelaria do Rio de Janeiro.
Passagens áereas para a Europa sempre que lhe convier.
A vida que leva em nosso país só pode ser comparada a do holandês Memphis Depay, celebridade que veste a camisa do endividado Corinthians, cujo presidente de plantão atual poucos sabem quem é.
Na última convocação, divulgada nesta segunda-feira, 3 de novembro, Carlo Ancelotti chamou Danilo, zagueiro que atualmente está na reserva do Flamengo.
Tentou explicar na entrevista que Danilo joga em mais de uma posição na defesa e que, além disso, tem experiência e liderança.
Fosse Dorival Jr ou qualquer outro treinador brasileiro que cometesse tal desatino seria massacrado nos programas esportivos e nas redes sociais.
Carlito, não.
Afinal, Carlo Ancelotti desembarcou aqui com status de salvador da pátria.
Em entrevista na Europa recentemente, Carlito foi logo avisando que não tem nenhuma obrigação de levar a Seleção Brasileira ao hexa camopeonato mundial.
Não tem mesmo.
Vamos aguardar.
Mas já passou da hora de o badalado técnico começar a ter o seu trabalho analisado sem condescendência.
Pois que uma avaliação justa sobre o seu serviço à frente da amarelinha não poderá jamais ser considerada ato de xenofobia.